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Gurgel BR-800

O Gurgel BR-800 foi idealizado pelo engenheiro mecânico-eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, o BR-800 foi o primeiro automóvel a ser fabricado exclusivamente com tecnologia nacional. Seu motor, de 2 cilindros e 800cc, era fabricado na própria indústria da Gurgel, em Rio Claro estado de São Paulo. O BR-800 foi fabricado de 1988 a 1991, quando foi substituído pelo Supermini, sua evolução. A Gurgel Motores S/A funcionou até 1994, mas a marca foi posteriormente adquirida pelo empresário Paulo Freire Lemos em 2004 e voltou a existir hoje. Veículo urbano apresentado em 1987, considerado o primeiro automóvel genuinamente brasileiro. De concepção peculiar e em diversos aspectos avançada para a época, era muito leve e compacto. Lançado ao público em versão definitiva no Salão Anhembi de 1988, teve produção iniciada em 1989. Seu fascinante motor, denominado Gurgel Enertron, muito limpo (sem correias) e econômico (fazia até 25 km/l de gasolina), chegou a receber um prêmio inédito na Europa. Trata-se de um motor de 800 centímetros cúbicos de deslocamento, acoplado a um câmbio de 4 marchas, idealizado para o uso urbano. Até a presente data, é tido como mecânica de fácil manutenção e longevidade. Foi fabricado até 1991, quando deu lugar ao Supermini. Foi o primeiro veículo da Gurgel Motores totalmente construído pela própria fábrica. Foi um carro polêmico, do início de seu projeto ao final da fabricação. Originalmente fora batizado de Gurgel Cena, o próprio Ayrton Senna se manifestou contrariamente. Ainda que, muito antes de haver um Senna na Formula 1, o Rio Sena já cortasse Paris. Deixou de ser fabricado também em meio a muita discussão, o que remete ao seu lançamento. Quando começou a ser produzido em série, durante o Governo Sarney, o pequeno automóvel foi agraciado com benefício fiscal sobre o IPI, tendo sido o verdadeiro pioneiro no segmento do "carro popular", hoje dominado por modelos de mil cilindradas de diversos fabricantes estrangeiros - inclusive por aquele que dizem ter sido o primeiro, o Fiat Uno Mille. Na prática, apenas ele tinha tal privilégio fiscal, pagando apenas 5% de IPI, enquanto os demais veículos pagavam na época de 37% a 42% de IPI. O benefício concedido à Gurgel, em prol da indústria nacional, foi duramente atacado pela concorrência das multinacionais estrangeiras como a Fiat, GM,etc. Entretanto, o sistema de vendas inicialmente praticado, de comercialização do carro junto com lotes de ações da Gurgel, elevou seu preço evitando a concorrência direta com os modelos econômicos de Volkswagen e Fiat. Em 1990 o BR-800 começou a ser comercializado normalmente, e foi então que veio o golpe: sob pressão das grandes montadoras, a administração Collor estendeu às demais montadoras o benefício sobre o IPI. Em agosto de 1990, era lançado o Fiat Uno Mille. Se isto não bastava, chegaram também na mesma época os veículos importados. Ainda pagando 85% de alíquota de importação, o Lada Niva era comercializado a mais baixo preço do que os jipes da Gurgel. Consequentemente, em janeiro de 1991, a Gurgel cessou a produção de jipes. A Gurgel começara mais de 20 anos antes a produzir jipes, mas essa importante fonte de renda da Gurgel terminou portanto em janeiro de 1991. O BR-800 apresentava problemas e falhas de projeto, como seria de se esperar da primeira versão de um projeto criado totalmente a partir do zero. A própria "venda casada" dos carros com ações da empresa demonstra que a idéia era de que todos os BR-800 produzidos servissem como uma espécie de protótipos de teste para os futuros modelos "definitivos". Erroneamente comparados ao Uno Mille da Fiat, o BR-800 e seu sucessor Supermini tinham preço e consumo similar de combustível, mas pertenciam a outra classe: a dos carros urbanos, urbaninos ou minis, onde obviamente o Uno (como carro pequeno) jamais se encaixaria. Como exemplo, em outros países a Fiat oferecia nessa classe modelos como o Panda, 500 e 600, esses sim muito similares ao BR-800 em termos de espaço, conforto, desempenho, estilo e outros. Nesses quesitos, o BR-800 mostrava-se inferior ao Uno Mille e obviamente só poderia ser assim, pois tais carros situavam-se em categorias de uso diferentes, mas todas as críticas eram sempre feitas com base apenas nas comparações de preço, gerando conclusões distorcidas. A evolução do BR-800 foi constante durante seu período em produção, enfatizando a idéia de que o modelo seria um "protótipo sempre em desenvolvimento". Em 1990, as maiores alterações foram lanternas traseiras e vidro traseiro basculante; logo depois, a suspensão dianteira foi modificada. Durante 1991, várias alterações maiores foram sendo realizadas ao longo do tempo: radiador selado, cintos de segurança retráteis, ventilação zenital no teto, fixação do motor por coxim suspenso, e, por fim, redesenho completo da construção e material do chassis. O BR-800 parou de ser produzido no final de 1991, mas algumas unidades ainda foram comercializadas em 1992 como ano/modelo 1992. A experiência acumulada com o modelo indicou que o BR-800 deveria gerar dois sucessores, destinados a faixas de mercado diferentes: um modelo mais personalizado, atraente e luxuoso ainda que mais caro, e outro que seguisse a linha da máxima eficiência na produção e operação, que pudesse ser realmente "popular" e barato. Para atender ao primeiro caso, entrou em produção no início de 1992 o Supermini. Para atender ao segundo caso, estava sendo desenvolvido o projeto Delta, mas esse ainda não estava pronto e dependia dos financiamentos para a expansão da empresa e para a construção da nova fábrica no Ceará, já que seria baseado em um novo modelo de produção modular e descentralizada, única maneira de proporcionar preço de venda verdadeiramente "popular". Com as complicações financeiras da empresa, o projeto Delta não teve continuidade.

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