A moda começou no Brasil em 2004, com a primeira geração do EcoSport. Em menos de uma década, a concorrência - e a própria Ford - se deu conta de que os SUVs montados sobre plataformas de carros pequenos significavam mais do que uma boa aposta. Eles eram uma tendência a ser seguida ao redor do planeta e quem não tivesse um em seu showroom deixaria de ganhar mercado - e dinheiro. Por ter chegado primeiro, o EcoSport ainda nada de braçada: já está na segunda geração, é líder do segmento e goza do status de ser um carro global. O Chevrolet Tracker quer, no mínimo, ofuscar o Eco. O nome do lançamento da GM não é inédito: é o mesmo que identificava o jipinho vendido por aqui até 2010 - na verdade um Suzuki Vitara com logotipo Chevrolet. "Nossas pesquisas indicaram que o nome ainda estava vivo na memória das pessoas, sempre associado a um espírito aventureiro", diz Hermann Mahnke, diretor de marketing da GM. Ao redor do planeta, o Tracker tem os mais diversos nomes: Encore (produzido pela Buick), Mokka (Opel) e Trax, feito pela própria Chevrolet, no México. É de lá, aliás, que virão os Tracker que abastecerão o mercado brasileiro, que começa a comercializar o modelo em outubro. Pelo porte da missão, a estratégia de lançamento do Tracker é tímida. Inicialmente, o carro chega apenas na versão LTZ, sempre com o mesmo motor do Cruze, um quatro-cilindros 1.8 de 144/140 cv, regido por um câmbio automático de seis marchas com trocas sequenciais por meio de botões na lateral da alavanca. Airbags laterais e do tipo cortina e teto solar elétrico compõem o único pacote de equipamentos, chamado pela marca de LTZ 2, de 75 490 reais - o LTZ 1 custa 71 990. Não é novidade que EcoSport e Duster dependem muito das versões mais simples (e baratas), com motor 1.6 e câmbio manual, para se manter no topo do segmento. "Ao menos na fase inicial, optamos por mirar nas versões mais completas dos rivais", diz Mahnke. No entanto, é claro que a GM sabe da real situação. "A fase de lançamento é o período no qual é possível forçar um pouco a venda da versão completa. Além disso, a fábrica do México é responsável por abastecer vários mercados com o Tracker e, nos primeiros meses, não haveria como atender a um pedido muito grande", diz uma fonte ligada à marca. Ou seja, a versão boa de briga, a LT, mais simples e mais em conta, vai ficar para uma segunda fase. O design do Tracker segue o DNA de estilo da Chevrolet: grade grande e bipartida pela gravata dourada e faróis que invadem para-lama e capô. "Repare nos faróis de parábola dupla. Eles também passam a compor a identidade visual da marca", diz Dagoberto Tribia, diretor de design da GM no Brasil. No México, o Trax tem faróis com máscara negra, enquanto em Portugal o Opel Mokka oferece até xenônio. No perfil, destacam-se os para-lamas volumosos e as maçanetas em dois andares, com as da porta traseira num ponto claramente mais elevado. Atrás, as lanternas imitam os faróis e também avançam pelas laterais. O aerofólio no topo da tampa do porta-malas tem por função dar fluidez ao ar, diminuindo o arrasto aerodinâmico. Com 4,25 metros de comprimento, 1,78 de largura e 1,65 de altura, o Tracker tem porte mais para o EcoSport (respectivamente 4,24/1,77/1,70) do que para o Duster (4,32/1,82/1,70). Mas não há como negar: ao vivo, o Tracker passa a impressão contrária. A colocação do estepe na traseira, à moda EcoSport, foi cogitada nos primeiros esboços do Tracker, mas a ideia logo foi abandonada. "Fizemos alguns ensaios com o estepe na tampa, mas no fim optamos por imprimir um estilo mais limpo e refinado", diz o vice-presidente de engenharia, William Bertagni, que participou ativamente de todo o projeto do anti-Eco. Avaliado no campo de provas da GM, em Indaiatuba (SP), o Tracker cedido para teste cumpriu a prova de aceleração de 0 a 100 km/h em 11,3 segundos, um tempo melhor que o divulgado pela fábrica, de 11,5. O Eco 2.0 automatizado, porém, foi um pouco mais rápido: 10,7 segundos. Na cabine você encontra um painel exclusivo, mas, não por acaso, há traços de Spin (duplo porta-luvas), Sonic (saídas de ventilação estilo turbina) e Cobalt (quadro de instrumentos com velocímetro digital em evidência). Tracker, Spin, Sonic, Cobalt, Onix e Prisma são montados sobre a plataforma GSV, a arquitetura global de veículos pequenos da GM. Na traseira, o tunel central é baixo e os bancos contam com sistema de rebatimento leve e intuitivo. Apesar de a ficha técnica oficial informar que o porta- malas tem 306 litros, o compartimento passa a nítida impressão de ser maior que o do EcoSport - o site da GM do Canadá indica volume de 530 litros. Ao volante, o destaque do Tracker é, sem dúvida, a boa calibragem da suspensão, capaz de garantir bom nível de conforto e estabilidade. Mais assentado, o pequeno SUV da Chevrolet balança menos nas curvas que o Eco e o Duster, o que significa uma viagem mais confortável e com maior sensação de segurança. Decepciona, porém, a ausência de controles eletrônicos de estabilidade e tração, itens de série no nosso EcoSport FreeStyle e no Tracker LTZ vendido no México.
Nenhum comentário:
Postar um comentário